Mais que um sobrevivente, Alan Ruschel valoriza recomeço: “Não quero piedade”
3 de agosto de 2017Jogador, que sobreviveu ao acidente com o avião da Chapecoense, volta a jogar na próxima segunda-feira, contra o Barcelona, no Camp Nou.
Messi de um lado, Suarez do outro, mas os holofotes voltados para Alan Ruschel. O amistoso entre Barcelona e Chapecoense, segunda-feira, às 15h30 (de Brasília), no Camp Nou, é daqueles que justificam a frase: “Não é só futebol”. Longe disso! O duelo tratado como celebração da vida terá contornos históricos pelo retorno do lateral 252 dias após sobreviver a um acidente de avião que matou 71 pessoas. E que fique bem claro: por méritos.
A ligação é inevitável e imediata: quando entrar em campo, Alan levará consigo a lembrança das 71 vítimas fatais da tragédia de 29 de novembro. Homenagem natural de quem faz questão de olhar para frente para aproveitar a segunda chance, principalmente após a bola rolar. Em campo, estará o lateral, não o sobrevivente:
– Não quero ser tratado com piedade. Se conseguir voltar a jogar, é por superar as expectativas e conseguir atuar em alto nível. Se perceber que não estou conseguindo disputar posição, será o momento de repensar o que fazer da vida e seguir meu mundo de uma outra forma. Não quero ser marketing, sou um atleta como todos.
Protagonista em meio aos maiores craques do planeta, Alan Ruschel recebeu o GloboEsporte.com em sua casa para falar do sacrificante processo de recuperação, da nova pessoa que renasceu em Medellín, e até mesmo da expectativa para marcar Messi:
– Tomara que eu não passe vergonha! (risos)
Psicológico
– A cada dia que passa tentamos melhorar a cabeça, o jeito que vai ser, como vai ser, por que vai ser e para quê. Peço a Deus discernimento para entender as coisas, que me oriente para fazer as coisas certas e ter força psicológica para levar minha vida da melhor maneira.
Confiança para voltar
– Os médicos foram muito sinceros e não me deram a certeza de volta a jogar. Deram a certeza de voltar a andar, correr, ter uma vida normal, mas como atleta profissional não criaram essa expectativa. Então, queria voltar a andar, a viver, caminhar… Depois, já em Chapecó, vi que estava bem muito rápido e pensei que conseguiria voltar a jogar.
Um novo Alan
– Sou uma pessoa mais madura em tudo, como atleta e ser humano. Isso transformou minha vida, me fez pensar e viver a vida de uma outra forma. Tenho que aproveitar a oportunidade da melhor maneira possível.
Barcelona
– Minha vontade de voltar é tão grande que até esqueço que vou jogar contra Messi, Suarez, os melhores do mundo. Vai ser um sonho realizado. Jogo com eles no video game, torço por eles, vejo os jogos na Champions, e estar ali será um sonho. É um jogo que vai acontecer, infelizmente, por uma tragédia, mas, já que estaremos ali, vamos encarar da melhor maneira perto dos ídolos.
Protagonismo
– É diferente. Nunca passei por esse protagonismo. Sempre fui bom jogador, cheguei onde cheguei por isso, mas esse protagonismo eu nunca tive. Ainda não parei direito, só quando acontecer que vou saber. É mais o agradecimento, a gratidão. Minha ida é mais por isso.
Duelo com Messi
– Vou estar do lado daquela canhotinha ali. Vamos ver o que vai acontecer. Tomara que eu não passe vergonha (risos).
Fonte: G1