Estudo sugere maior consumo de gordura e menos ingestão de frutas e legumes
1 de setembro de 2017Pesquisa publicada no ‘Lancet’ associou maior consumo de gordura com menor risco de morte por eventos cardiovasculares. Benefício de frutas e legumes também não é ilimitado, escreveram autores.
Diretrizes internacionais sobre dietas saudáveis devem ser alteradas para que as pessoas consumam um pouco mais de gordura, reduzam o carboidrato e, em alguns casos, reduzam ligeiramente frutas e legumes, sugere estudo publicado nesta terça-feira (29) no “Lancet”.
No decorrer de cerca de sete anos, dietas com aproximadamente 35% das calorias formadas por gordura foram associadas a menores taxas de mortalidade que dietas com cerca de 60% das calorias formadas por carboidratos.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde atualmente recomenda que as pessoas não obtenham mais de 30% da energia da gordura. Também a entidade aconselha que se evite a ingestão de gorduras saturadas encontradas em produtos de origem animal.
“O que estamos sugerindo é moderação em oposição a ingestão muito baixa e muito alta de gorduras e carboidratos”, disse à Reuters Mahshid Dehghan, da McMaster University em Hamilton, Canadá.
O estudo do ‘Lancet’ recrutou pessoas entre 35 e 70 anos em 18 países entre 2003 e 2013. Pesquisadores também obtiveram informações das dietas de outras 135.335 pessoas que foram seguidas por cerca de sete anos em outros estudos.
Na análise, cientistas identificaram 5.796 óbitos e 4.784 eventos cardiovasculares entre a população estudada.
Quando pesquisadores separaram as pessoas em cinco grupos com base no consumo de carboidratos, descobriram que as pessoas que comiam mais carboidratos eram 28% mais propensas a morrer por qualquer causa durante o estudo do que as que comiam o mínimo.
Mas, quando as pessoas foram divididas em cinco grupos com base na quantidade de gordura que consumiam, aquelas que comeram mais gordura — de qualquer tipo — eram cerca de 23% menos propensas a morrer durante o estudo do que aquelas que comiam o mínimo.
Os achados foram consistentes com qualquer tipo de gordura consumida.
“Esperamos que as diretrizes sejam reconsideradas à luz das novas descobertas”, disse Dehghan à Reuters.
Uma segunda análise do estudo também sugere que os benefícios de comer frutas e vegetais não são ilimitados.
As diretrizes da OMS sugerem cinco porções de frutas, vegetais ou leguminosas a cada dia, de acordo com a coautora da pesquisa Victoria Miller, também da McMaster University.
Essas diretrizes, explica a autora, são principalmente baseadas em evidências da América do Norte e da Europa. Em outras partes do mundo, cinco porções de frutas por dia podem ser muito caras.
“Nossos resultados mostram que o menor risco de morte foi entre as pessoas que comeram três a quatro porções de frutas com pouco benefício adicional além desse intervalo”, disse Miller.
Se as diretrizes da dieta fossem ajustadas para refletir uma quantidade menor, disse Miller à Reuters, seria mais viável e mais pessoas atenderiam esse objetivo.
Miller enfatizou, no entanto, que as pessoas que estão cumprindo ou excedendo o objetivo diário de frutas, legumes e leguminosas não devem levar as descobertas como uma licença para comer menos desses alimentos.
Fonte: BEM-ESTAR