Jackson Lahr é condenado a 101 anos de prisão pela morte das irmãs Horbach em Cunha Porã
27 de fevereiro de 2019Foram mais de 15 horas de debates. O júri popular de Jackson Felipe Lahr iniciou por volta de 8h30 na manhã dessa terça-feira, 26, no auditório da Sicoob, em Cunha Porã. Depois do sorteio dos sete jurados, a programação seguiu com a oitiva de quatro testemunhas. O pai das vítimas, Neuri Horbach, foi uma das pessoas ouvidas. Um policial militar que atendeu a ocorrência, o vizinho que ajudou no socorro e o companheiro da irmã mais velha, que ficou gravemente ferido pelo acusado na mesma noite, também depuseram.
Em seguida, foi a vez do acusado. Lahr falou pouco. O depoimento do réu durou pouco mais de 10 minutos. Argumentou que não lembrava de nada e queria ir para casa. Apesar de muita emoção, os trabalhos seguiram de maneira tranquila. A mãe das vítimas ficou bastante abalada na parte da manhã, mas a família permaneceu até o fim do julgamento. O auditório ficou lotado durante todo o tempo.
Na sequência do depoimento do réu, a acusação apresentou os argumentos e depois o advogado de defesa explanou e alegou insanidade mental, mas o pedido foi negado pela corte. O promotor pediu réplica e a defesa teve direito de resposta. Assim, chegou o momento de os jurados votarem.
A sentença
O conselho de sentença aceitou todas as qualificadoras apresentadas pela denúncia: motivo fútil, recurso que dificultou a defesa das vítimas e meio cruel. O crime foi tratado como feminicídio, o que aumentou a pena. Todas as teses da defesa foram desconsideradas pelos jurados. No final, a sentença foi de 101 anos de prisão, em regime fechado, mais indenização de R$ 600 mil às famílias das vítimas. Para tanto, os bens do acusado já foram bloqueados.
Sendo assim, em cumprimento à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – Habeas Corpus n. 118.770/SP – que permite ao juiz decretar a prisão imediata do réu, ainda no Tribunal do Júri, Jackson Felipe Lahr saiu do julgamento algemado e direto para a Unidade Prisional Avançada de Maravilha. A decisão cabe recurso.
Organização especial
A defesa do acusado solicitou mudança de local para o julgamento, mas o Tribunal de Justiça entendeu que o júri deveria ser mantido em Cunha Porã. O acesso ao público, em razão do espaço físico e da segurança de todos os envolvidos, foi limitado pela organização da comarca. Cem lugares foram disponibilizados no
auditório.
A segurança no local foi reforçada com 18 policiais cedidos pelo Ministério Público, Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional do Tribunal de Justiça, Polícia Militar e Departamento de Administração Prisional. Atuaram na defesa os advogados Heronflin Angelo Dallalibera e Adilson Luiz Raimondi. Na acusação esteve a promotora de justiça Karen Damian Pacheco com assistência de Gustavo Teixeira. A sessão foi conduzida pela juíza substituta da Vara Única da comarca de Cunha Porã, Janaína Alexandre Linsmeyer Berbigier.
O crime
Nesta quarta-feira, 27, o crime completa dois anos. Naquela noite, Jackson Felipe Lahr arrombou a porta da casa onde estava a família reunida, na linha Sabiazinho, interior de Cunha Porã. Com 19 facadas, ele assassinou a ex-cunhada Juliane Horbach, 23 anos, por ela ser contrária ao relacionamento do réu com a irmã dela Rafaela Horbach, 15 anos, também morta a facadas. Fabiane Horbach, 12 anos, estava na casa com as irmãs e foi assassinada com sete golpes de faca. O marido de Juliane, Gilvane Meyer, teve 17 perfurações. Os pulmões e o estômago foram atingidos. Ele fingiu a própria morte. Assim conseguiu pedir ajuda ao vizinho. Lahr não concordava com o fim do relacionamento que manteve com Rafaela, por 11 meses, com quem teve um filho.