Ministério Público pede US$ 300 milhões de indenização em acidente da Chapecoense
11 de fevereiro de 2020O Ministério Público Federal ajuizou uma ação com pedido de indenização para os familiares das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, ocorrido em novembro de 2016, e que deixou 71 vítimas fatais, além de seis sobreviventes. O valor pedido pelo órgão é de US$ 300 milhões, conforme revelou o Procurador Geral, Carlos Prola Júnior, em audiência da CPIChape, no Senado.
Segundo o procurador, as informações colhidas pelos familiares das vítimas ajudou dar entrada na ação, já que as vítimas são protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor. De acordo com os documentos obtidos e apresentados em audiências do Senado, o seguro da aeronave da LaMia, empresa que realizou o voo, caiu de US$ 300 milhões para US$ 25 milhões no ano do acidente.
Além disso, Prola Júnior demonstrou indignação com o acordo oferecido aos familiares das vítimas a título de ajuda humanitária no valor de US$ 225 mil por família. Segundo ele, o termo contém clausulas abusivas que obrigam abrir mão de direitos indenizatórios.
— Eles foram reduzindo a cobertura, reduzindo o limite da apólice, que era de 300 milhões de dólares, e chegaram a US$ 25 milhões, menos de dez vezes o valor inicial que havia segurado aquela aeronave. Agindo dessa forma, permitiram a retomada da atividade de uma companhia que não tinha a mínima condição de operar — disse o procurador.
— O MPF pede nessa ação que sejam condenados todos os envolvidos, inclusive a corretora e a resseguradora envolvida, e as empresas subsidiarias no Brasil desses grupos econômicos, tanto pela responsabilidade contratual, pelos seguros que foram firmados, tanto pela responsabilidade extracontratual, por derem causa a esse evento. A atuação dessas empresas não foi exatamente regular e eles deram causa a esse acidente no momento em que permitiram, firmando uma apólice muito abaixo do mínimo necessário para cobrir os riscos — concluiu.
O seguro da aeronave era de US$ 25 milhões (cerca de R$ 104 milhões), na época do acidente, mas os advogados das famílias contestam. Eles dizem que, até 2015, a apólice era de US$ 300 milhões (R$ 1,24 bilhão) e, a partir de 2016, mesmo com o risco ampliado por passar a transportar atletas de clubes de futebol, a apólice caiu de valor.
Os advogados das famílias dizem que a Aon é responsável pela avaliação de risco de seguros e que tinha conhecimento que a aeronave sobrevoaria áreas de risco, como a Colômbia. Para não fazer o pagamento da indenização, a empresa de seguro alega que a apólice não estava paga, porém, segundo os advogados das famílias, não houve uma comunicação sobre o não pagamento da apólice às autoridades locais, o que impediria o voo.
Embora se recusem a pagar o seguro, duas empresas – Tokio Marine Kiln, seguradora nascida no Japão, e a boliviana Bisa – fazem parte de um fundo humanitário que ofereceu um repasse de dinheiro às famílias das vítimas. Elas ofereceram cerca de R$ 935 mil para cada uma. Em troca, os beneficiários teriam de desistir das ações na Justiça. Ao todo, 23 famílias toparam o acordo. E 48, não.
As pessoas que organizam o protesto em Londres calculam que o valor devido pela Aon, Tokio Marine Kiln e Bisa varia entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões (de R$ 16 milhões a R$ 20,8 milhões) para cada família.
Com informações Globo Esporte