TRF4 mantém ação contra médico de Chapecó denunciado por desvio de verbas

TRF4 mantém ação contra médico de Chapecó denunciado por desvio de verbas

25 de junho de 2020 Off Por Editor



  • Em sessão de julgamento virtual realizada no dia 17 de junho, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve denúncia contra o médico Carlos Alberto Machado dos Santos por improbidade administrativa. A ação cível é um desdobramento da Operação Manobra de Osler, deflagrada em 2015 para investigar o desvio de recursos públicos na área da saúde em Santa Catarina. Também são réus neste processo a ex-secretária de Saúde de Chapecó (SC), Cleidenara Weirich, e o marido dela, o empresário Josemar Weirich, ambos ex-sócios de Carlos Alberto.

    Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a ex-secretária teria se utilizado do cargo para repassar recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para a clínica particular de Carlos Alberto. Os fatos teriam ocorrido entre 2013 e 2016, causando prejuízo financeiro de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos.

    Em janeiro deste ano, a 2ª Vara Federal de Chapecó aceitou a denúncia do MPF e os investigados se tornaram réus por improbidade.

    A defesa de Carlos Alberto recorreu ao TRF4 com um agravo de instrumento postulando a rejeição da denúncia. Os advogados do médico negaram ter havido conluio ou apropriação de recursos e alegaram que ele não teve ingerência nos atos de encaminhamento que eram realizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó.

    O recurso, que já havia sido indeferido liminarmente em despacho monocrático do desembargador federal Cândido Alfredo Silva Leal Júnior em março, agora teve a decisão mantida de forma unânime pelo restante dos desembargadores que compõem a 4ª Turma da Corte, e que votaram por acompanhar o posicionamento do relator.

    Para o colegiado, as provas constantes no processo mostram que o médico seria uma peça determinante para o funcionamento do esquema de desvio de recursos públicos na área da saúde.

    “É incontroverso o fato de que cabia exclusivamente ao réu Carlos Alberto, na qualidade de médico especialista em medicina hiperbárica, a livre definição do número de sessões de oxigenoterapia, o que resultou num manifesto descontrole quanto a este tratamento. Carlos Alberto era responsável pelas tarefas técnicas da clínica, bem como pela avaliação e recomendação indiscriminada do tratamento aos pacientes, dando ares de regularidade ao exagerado número de sessões. Seu papel era fundamental, portanto, ao atingimento dos objetivos dos demais réus, Cleidenara e Josemar”, afirmou o desembargador Leal Júnior.

    Histórico do caso

    O médico Carlos Alberto dos Santos, a ex-secretária de Saúde de Chapecó Cleidenara Weirich e o ex-sócio da clínica, Josemar Weirich, já tiveram condenação penal por associação criminosa e peculato confirmada pela 7ª Turma do TRF4 em outubro do ano passado na ação penal N° 50023790620174047202.

    Carlos Alberto foi condenado a 7 anos e 2 meses de reclusão em regime semiaberto. Josemar teve pena fixada em 8 anos e 10 meses, também em regime semiaberto. Já Cleidenara teve pena fixada em 9 anos e 1 mês de reclusão em regime fechado. Os três também terão que pagar multas que somadas chegam a mais de R$ 2,3 milhões.

    Com informações TRF 4