Operação Aletheia: Perfis falsos teriam sido usados para extorquir homens casados em SC
10 de julho de 2020Uma investigação da Polícia Civil de SC, desmontou uma quadrilha que praticava extorsão sexual em série, pela internet, usando perfis falsos, de garotas, no Facebook. A investigação teve duração de quinze meses e constatou o crime em vários municípios de Santa Catarina.
A organização criminosa executava complexa articulação para extorsão de vítimas, intimamente expostas em enganosas trocas de mensagens por aplicativo. A ação que prendeu integrantes da quadrilha, na terça-feira, 07/07, em Criciúma faz parte da Operação Aletheia. A investigação apontou indícios dos crimes de organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade documental/ideológica e corrupção de menores.
Três advogados confirmaram que os criminosos também fizeram vítimas em Taió. Os homens casados procuram os advogados depois que foram ameaçados a depositar dinheiro em contas bancárias do Rio Grande do Sul e São Paulo.
Contatamos algumas pessoas que foram vítimas do esquema. Mantivemos o anonimato.
“Vi que a menina era bonita, e me pediu para ser amiga no Facebook, depois começou a puxar conversa pelo messenger. Pediu o número do Whatsapp. Eu me empolguei e dei trela pra ela. Daí me pediu se podia mandar foto de nudes, eu deixei e ela também me pediu. Depois disso, o padrasto dela entrou na conversa dizendo que ela era de menor, me apavorei”.
A atuação dos criminosos começa com a criação de perfis falsos de mulheres jovens em redes sociais. Estes perfis são utilizados para adicionar e arrebanhar potenciais vítimas. As conversas migravam para outros aplicativos de mensagens, onde eram realizadas conversas de cunho sexual e trocas de fotos e vídeos íntimos.
Depois, vem a ameaça. Com o perfil fake, os criminosos conseguem identificar esposas e parceiras, e se caso a vítima não depositasse o dinheiro, poderiam enviar fotos e prints das conversas para as companheiras. Com medo de exposição, a maioria das vítimas sequer registra Boletim de Ocorrência. Um dos advogados ouvidos pela reportagem, disse que pelo menos uma dúzia de clientes o procuram para saber o que fazer. “Pensa na pressão que os bandidos fizeram com meu cliente”.
A investigação apontou, ainda, que o grupo simulava que os pais da suposta interlocutora tiveram acesso às conversas e vídeos. Alegavam que a menina era adolescente e, a partir daí, passavam a extorquir dinheiro para que o conteúdo íntimo não fosse divulgado para familiares da vítima ou para a polícia. O grupo assumia identidade de policiais e até criava mandados de prisões para dar veracidade aos golpes. Com medo, as vítimas realizavam pagamentos de grandes quantias em contas bancárias. Em uma das contas do grupo, a movimentação mensal superou os R$ 80 mil.
A operação no sul, do Estado foi coordenada pelo Delegado de Polícia Yuri Miqueluzzi, titular da DRR/DIC. Quatro pessoas envolvidas tiveram a prisão preventiva decretada. Foram cumpridos, ainda, oito mandados de buscas em residências.
O trabalho investigativo apurou a participação de, pelo menos, seis pessoas no golpe. Os cumprimentos das prisões e buscas tiveram a participação de 50 policiais civis, com atuação de integrantes da DRR/DIC, DRE/DIC, DH/DIC, CORE (Recursos Especiais da PC), SAER (Helicóptero da PC), 1ª DP, 2ª DP e DPCAMI de Criciúma, DP de Forquilhinha, DP de Içara e DP de Balneário Rincão.
O nome da operação Aletheia é uma referência a um personagem da mitologia grega associada à verdade. Citada em uma das fábulas de Esopo, com o ensinamento de que algo falso pode às vezes começar com sucesso, no entanto, com o tempo, a verdade “Aletheia” prevalecerá.
Com informações Educadora