Ministério Público argentino pede 12 anos de prisão para Cristina Kirchner
23 de agosto de 2022A ex-presidente negou as acusações
O Ministério Público da Argentina pediu nesta segunda-feira (22) 12 anos de prisão para a ex-presidente e atual vice-presidente do país, Cristina Kirchner, considerando-a a “chefe” de um esquema de “corrupção sistemática” envolvendo obras públicas que causou milhões de dólares em danos ao Estado.
O procurador federal Diego Luciani também pediu a inelegibilidade perpétua para qualquer cargo político de Kirchner. Ao solicitar a condenação da ex-presidente pelos supostos crimes de associação ilícita e fraude, Luciani afirmou que a Argentina está “diante da maior manobra de corrupção que se conhece no país.”
A ex-presidente nega as acusações e afirmou por meio de suas redes sociais que “não está diante de um tribunal da Constituição, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial”.
Si algo faltaba para confirmar que no estoy ante un tribunal de la Constitución, sino ante un pelotón de fusilamiento mediático-judicial, es impedirme el ejercicio del derecho de defensa ante cuestiones…
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) August 22, 2022
Este é o primeiro pedido de sentença contra a ex-presidente nas dezenas de processos judiciais por diversos crimes que foram instaurados contra ela, alguns dos quais foram arquivados e outros continuam sob investigação.
Kirchner, de 69 anos, é acusada de ter liderado uma associação criminosa que beneficiou o empresário Lázaro Báez, na província de Santa Cruz, no Sul da Argentina, com cerca de 51 obras rodoviárias — muitas delas inacabadas –, além de fraudes em detrimento da administração pública. Segundo a Promotoria, a empresa Austral Construcciones liderada por Báez foi uma estrutura criada para extrair recursos do Estado por meio de licitações e quando terminou o mandato de Kirchner (2007-2015), a empresa desapareceu. “A Austral Construcciones só poderia subsistir com a proteção e anuência do então presidente”, disse Luciani.
Outras 12 pessoas são acusadas, incluindo vários ex-funcionários e Báez. O procurador pediu 12 anos de prisão contra o empresário e 10 anos para o ex-ministro responsável pelas obras públicas, Julio De Vido.
Espera-se que o tribunal emita a sentença no final do ano, que pode ser apelada em várias instâncias e não será válida até que seja definitiva.
No Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff saiu em defesa de Cristina Kirchner, que a apoiou durante o processo de impeachment em 2016. “Cristina Kirckner é vítima de mais um ato brutal de lawfare e de perseguição política”, iniciou Dilma em uma série de publicações na rede social.
A ex-presidente afirma que as acusações contra Kirchner jamais foram comprovadas e afirmou tratar-se “de pura perseguição judicial e midiática”. “É o método que a extrema direita adota no continente para interditar líderes que vivem no coração do povo.”, declara. Rousseff finaliza com uma mensagem de solidariedade à companheira política.
Até hoje, tantos anos depois, nenhum tribunal do país considerou válida qualquer acusação contra @CFKArgentina. Trata-se de pura perseguição judicial e midiática. É o método que a extrema direita adota no continente para interditar líderes que vivem no coração do povo.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) August 23, 2022
Com informações Associated Press