Cientistas descobrem novo tipo de sangue humano após 40 anos de mistério

Cientistas descobrem novo tipo de sangue humano após 40 anos de mistério

13 de outubro de 2022 Off Por Editor



  • O novo tipo sanguíneo, chamado de Er., ajuda a entender a incompatibilidade sanguínea

    Após quatro décadas de estudo, os cientistas conseguiram mapear e definir um novo tipo de sangue raro e existente entre os humanos: o Er. O estudo foi publicado na revista científica Blood.

    Os sistemas de tipos de sangue já conhecidos pela ciência, descobertos pelo cientista austríaco Karl Landsteiner — A B O e AB, além do fator rhesus (positivo ou negativo), descobertos em sua maioria no começo do século XX.

    Já o tipo Er foi visto pela primeira vez em 1982, e agora, classificado como 44º grupo sanguíneo existente entre os humanos. Sendo assim, após o mapeamento, segundo a publicação científica Science Alert, foi possível conhecer suas cinco variantes existentes a partir de uma análise em 13 pacientes, onde o sangue foi detectado. São elas: Er a, Er b, Er 3, além das novas Er 4 e Er 5.

    Essa tipagem pode ajudar a entender problemas de difícil compreensão, como a incompatibilidade em transfusões de sangue, inclusive a que ocorre entre mães e bebês durante a gravidez, que pode resultar em abortos ou na doença hemolítica – onde os glóbulos vermelhos do bebê são atacados pelos anticorpos da mãe.

    “Este trabalho demonstra que mesmo depois de todas as pesquisas realizadas até agora, o simples glóbulo vermelho ainda pode nos surpreender”, diz Ash Toye, biólogo celular da Universidade de Bristol à Science Alert.

    Uma característica em comum entre as variantes, apontada entre os cientistas, é a existência da proteína Piezo 1, encontrada na superfície dos glóbulos vermelhos e já é conhecida pela ciência atual — sendo considerado crucial para a existência do tipo Er.

    “A proteína está presente em apenas algumas centenas de cópias na membrana de cada célula. Este estudo realmente destaca a antigenicidade potencial mesmo de proteínas muito pouco expressas e sua relevância para a medicina transfusional”, detalha Toye.

    A pesquisa publicada na Blood também mostra que o tipo Er tem antígenos que podem se “combinar” com anticorpos, fazendo com que células imunes ataquem as células que o sistema está identificando como incompatíveis. Essa reação pode ajudar na compreensão dos casos de incompatibilidade sanguínea.

    O estudo, que deve ser aprofundado, já traz um horizonte para o desenvolvimento de novos tratamentos, pesquisa de mapeamento e mutações genéticas — principalmente porque o levantamento científico mostrou que as primeiras pessoas detectadas com o tipo sanguíneo eram mulheres grávidas.

    A descoberta deve ser oficializada, fazendo com que o tipo Er entre no sistema de grupos sanguíneos. Mas, para que isso aconteça, a Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue deve se reunir ainda este ano para realizar a validação.