Universidade da PRF mudará de SC para Brasília
22 de fevereiro de 2023Diagnosticado pelo Planalto como um órgão que cresceu de tamanho acima do plausível no governo de Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Rodoviária Federal passa por ajustes no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um deles será a transferência da Universidade Corporativa da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF) de Florianópolis para Brasília.
A estrutura fica na Vargem Pequena, Norte da Ilha de Santa Catarina, e foi local de peregrinação constante de Bolsonaro, durante eventos de formatura, praticamente todos com a participação do ex-presidente, desde 2019.
É da universidade corporativa que emergiu a figura de Silvinei Vasques, que dirigiu a academia de formação e foi guindado à condição de diretor-geral da PRF, até se envolver em denúncias de avalizar as blitzes contra eleitores no Nordeste, no dia da eleição no primeiro turno de 2022, embora existisse ordem expressamente contrária do TSE.
A transferência terá um custo devido a estrutura montada em Florianópolis, que funciona em um imóvel alugado, onde já funcionou uma unidade da Unisul, com área de 80.000 metros quadrados, sendo 10 mil metros quadrados de área construída, onde podem ser treinados 1.500 alunos.
O Ministério da Justiça justifica que, em Brasília, a universidade terá sede própria, mas atenua as explicações ao dizer que uma comissão avalia a transferência.
Preocupação com a instrução de policiais rodoviários federais
Além de entender que a mudança para Brasília favoreceria que integrantes da PRF de todo o país participassem dos treinamentos de formação, o Planalto tem se preocupado com alguns episódios na instrução.
Pelo menos em um deles, verificado em 2022, após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, sufocado por policiais rodoviários, mostra um vídeo feito por um agente da corporação que viralizou por ensinar, no que ele chamou de curso particular, o uso de gás lacrimogêneo em viaturas.
Mudanças vão além da transferência da universidade
A mudança de endereço da formação, que atinge diretamente a corporação em Santa Catarina, é apenas uma das medidas anunciadas pelo Ministério da Justiça em relação à PRF.
Desde que Lula tomou posse, a corporação perdeu 101 cargos e foram extintos cinco comandos de Operações Especiais (COEs).
Insatisfação é notória entre os servidores
O fato de muitos apoiarem Bolsonaro na PRF conta neste corte do Planalto, tanto que a insatisfação entre integrantes da polícia passou a ser visível.
Em recente viagem de Lula a Roraima, o site Metrópoles informou que houve reclamação de policiais rodoviários de que teria sido proibida até a oferta de água aos agentes envolvidos na operação de chegada do presidente ao Estado.
Prefeito da Capital reage e tentará manter a estrutura
O prefeito Topázio Silveira Neto (PSD) entrou na briga para manter a estrutura da Universidade Corporativa da PRF em Florianópolis.
Nos cálculos de Topázio, a movimentação de alunos, somente em 2022, injetou R$ 65 milhões na economia da cidade.