Menino sofre queimaduras graves em SC após contato com fruta que você deve ter em casa
3 de maio de 2023O pequeno Martin, de 7 anos, deu um grande susto na família após ter contato com uma fruta muito consumida na casa dos brasileiros
A família do pequeno Martin, de 7 anos, de São Bento do Sul, no Norte Catarinense, passou por um grande susto durante as férias. O menino sofreu queimaduras de segundo grau após ter contato com alimentos cítricos.
Mariane Bachel Kellner, mãe do menino, conta que a família estava na praia, em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, durante as férias de janeiro de 2023, quando resolveu pedir uma porção de camarão e peixe frito.
“Pedimos para comer em nossa tenda, estávamos na sombra. Meu filho adora limão e espremeu a fruta sobre o peixe, normalmente, como sempre faz. Nós lavamos as mãos dele com bastante água, mas sem sabonete ou sabão, porque só tínhamos água naquela hora”, lembra a mãe.
Em seguida, Martin comeu um picolé de kiwi e voltou a ter as mãos higienizadas pela mãe. “Lavamos novamente aos mãos e ele voltou a brincar na água por mais ou menos uma hora”, lembra.
O que a família não imaginava era que a criança poderia ter reação tão grave ao contato com o cítrico.
“Não percebemos nada na hora. Não deu nenhum sinal [de queimaduras]”, conta Mariane.
No dia seguinte ao dia de praia, a família retornou de carro, em direção ao Norte do estado. Em uma parada para o almoço, a mãe foi tirar o pequeno do carro e encostou na mão dele para tirar o cinto de segurança. “Ele reclamou que doeu, então olhei a mãozinha e não havia nada, além de estar um pouquinho vermelha, mas nem parecia queimadura de sol de tão fraca”, lembra.
Mais de 24 horas após o contato com os cítricos, a mãe percebeu que a mão e uma parte da perna da criança estavam inchando. “Então pensamos ‘ele queimou com o limão, vamos passar um pomada para cuidar’, mas sem a dimensão do que estava por vir”, explica.
As primeiras bolhas aparecerem no corpo do menino pouco antes de 48 horas após ao contato com os alimentos. “Ele acordou com as primeiras bolhas, muito pequenas, e reclamando de dor”, lembra. Entretanto, a situação foi se agravando e a mãe ficando mais preocupada. “Busquei uma dermatologista e consegui uma consulta de encaixe, a essa altura, as bolhas estavam em seu auge, ele já não conseguia dormir”, explica Mariane.
Tratamento e diagnóstico após o susto
Agora, cerca de quatro meses após o incidente, Martin já está praticamente recuperado, mas Mariane lembra do processo até o filho ficar bem. Ela conta que a dermatologista identificou que o filho teve uma fitofotodermatite, que ocorre quando há contato com planta fotossensibilizante, como o limão e o kiwi, seguida de exposição à radiação solar.
Na época, a médica alertou que somente a água pura não funciona e que se o local fosse lavado com água e sabonete ou algum tipo de detergente, a queimadura não teria ocorrido.
As queimaduras de segundo grau de Martin necessitaram de um tratamento extenso. O menino ficou sem andar, por conta dos machucados, e tomou antibióticos, para prevenir infecções e durante duas semanas, ficou com curativos que eram trocados quatro vezes ao dia. Além de pomadas para auxiliar a regeneração e aceleração da descamação da pele afetada.
“A médica disse que provavelmente ele ficaria com alguma cicatriz, principalmente na perna, onde foi a maior queimadura”, explica Mariane.
O menino também teve que proteger a área do sol, chegando a usar luvas e calças, mesmo em dias quentes, para evitar que a área fragilizada fosse sensibilizada. Mariane diz que uma das lições que ficaram após as queimaduras é de tomar cuidado não apenas com o limão, mas com todas as outras frutas cítricas e os alimentos que as contenham como ingrediente.
Quais frutas causam queimadura de sol?
Limão, laranja e abacaxi são as principais frutas cítricas que é preciso tomar cuidado, mas há outras que também oferecem perigo ao serem manipuladas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Auditoria em Vigilância Sanitária, as substâncias encontradas em alimentos que oferecem perigo em contato com o sol “são encontradas nas frutas cítricas (limão, tangerina, lima), cenoura, figo, salsinha, arnica, hibisco, arruda, canela e mama-cadela”.
Conforme o diretor presidente da Imbravisa, Rui Damenhainn, em entrevista para a Rádio Nacional: “o ácido crítico dessas frutas, quando em contato com o sol, forma uma substância que causa uma inflamação aguda na pele”. A doença pode afetar a todos, mas há quem é mais sensível e pode ter um caso grave.
O especialista frisa que as queimaduras deste tipo, geralmente, ocorrem durante o verão, nos períodos de lazer. Damenhainn destaca que após o contato com as frutas cítricas, é preciso lavar muito bem as mãos com água e sabão e usar o protetor solar. “Quando a pessoa não é muito sensível, ela terá somente manchas na pele, mas que são difíceis de sair, as vezes nem saem”, pontou a doutor.
Entretanto, a casos, muito mais graves. “Ela pode ter também uma reação alérgica aguda, com inchaço, ulceras, levanto até a hospitalização”, afirma Rui.
O doutor também lembra que é preciso cuidar com os lábios, que, muitas vezes, entram em contato com a substância durante o consumo de sucos, por exemplo. “É preciso usar o protetor labial para os lábios também”, frisa.
Além das frutas mais conhecidas, o especialista lembra que turistas, ao irem para outras regiões, precisam estar cientes se as frutas que estão experimentando são cítricas. “Alguém do sudeste, por exemplo, que vai para o Norte, pode provar o cupuaçu, sem saber que é cítrica”, lembra.
A instrução é que em caso de suspeita, procure imediatamente um médico.
Com informações SCC10