Vacina para chikungunya apresenta quase 100% de eficácia, diz estudo
13 de junho de 2023Pesquisa revela resultados promissores de imunizante desenvolvido pela empresa Valneva
Uma vacina contra a chikungunya demonstrou uma eficácia quase completa na capacidade de gerar resposta do sistema imunológico contra a infecção, além de ser segura, com baixo risco de efeitos colaterais. Essas são as conclusões de um estudo divulgado na última segunda-feira (12) na revista The Lancet.
O vírus responsável pela chikungunya é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da zika. Febre, manchas avermelhadas, dores nas articulações e na cabeça estão entre os sintomas da doença.
Atualmente, não há vacina disponível para a chikungunya, mas pesquisas estão sendo realizadas para investigar se um modelo desenvolvido pela empresa Valneva pode ser eficaz no controle da enfermidade. A vacina, administrada em dose única, consiste em um vírus atenuado que não possui a capacidade de infectar células. Segundo a empresa farmacêutica, uma parte do genoma do patógeno foi removida para o desenvolvimento do medicamento.
Os dados divulgados no artigo científico são provenientes de uma dessas pesquisas. O estudo, conduzido pela filial austríaca da Valneva, foi realizado nos Estados Unidos, envolvendo 3.644 participantes que completaram a investigação. Dentre eles, 362 foram analisados em relação à resposta imunológica, sendo que 266 receberam a vacina e 96 receberam o placebo.
No grupo que recebeu a vacina, 263 participantes tiveram seu sistema imunológico estimulado para produzir anticorpos neutralizantes contra o vírus após 28 dias da aplicação. Após 180 dias do início da pesquisa, o índice se manteve em 96% na manutenção dos níveis adequados de produção de anticorpos neutralizantes.
O estudo também abordou a segurança do medicamento. Cerca da metade dos participantes que receberam a vacina relataram efeitos colaterais relacionados ao fármaco, enquanto no grupo placebo esse número foi de quase um terço. No entanto, a maioria dos problemas relatados foi leve. Apenas 1,5% dos participantes do grupo da vacina apresentaram sintomas mais graves, em comparação com 0,8% no grupo do placebo.
Embora os resultados sejam promissores em relação à eficácia e segurança da vacina, o estudo possui uma limitação importante: ele foi realizado em um país onde a chikungunya não é endêmica, no caso, os Estados Unidos. Isso impede uma observação completa da proteção oferecida pelo medicamento. A localização da pesquisa também dificulta a conclusão sobre o seu efeito em pessoas que já foram infectadas pelo vírus, o que é apontado como uma limitação do estudo.
O Brasil, onde a doença tem alta incidência, é um exemplo de local que poderia superar essas limitações. O Instituto Butantan é parceiro da Valneva no país e já realizou um estudo com 750 adolescentes brasileiros. Segundo informações fornecidas pela instituição, o recrutamento para o estudo foi concluído em fevereiro deste ano, mas ainda não há previsão para a divulgação dos resultados.