Pastora é presa em SC após prometer um octilhão de reais; número tem 27 zeros após 1

Pastora é presa em SC após prometer um octilhão de reais; número tem 27 zeros após 1

21 de setembro de 2023 Off Por Editor



  • Polícia do DF suspeita que 50 mil vítimas tenham caído no golpe que prometia lucros inatingíveis.

    R$1.000.000.000.000.000.000.000.000.000,00: é esse o valor prometido por uma pastora presa em Jaraguá do Sul, nesta quarta-feira (20). Ela era investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal, que estava envolvida em suposto esquema de estelionato contra fiéis incautos com promessas de lucros fantasiosos, na casa do ‘octilhão de reais’ (o número escrito acima, que possui ‘módicos’ 27 zeros), ou ‘350 bilhões de centilhões de euros’. O nome dela não foi revelado.

    Os agentes ainda têm a missão de cumprir um segundo mandado de prisão preventiva. Eles vasculharam 16 endereços para buscas de documentos, computadores e outros itens de interesse para a investigação.

    Segundo a Polícia, que coordena a operação chamada “Falso Profeta”, o grupo cometia golpes financeiros prometendo lucros estratosféricos e usava a religião evangélica e uma esotérica teoria da conspiração que envolve alienígenas e um ‘reset financeiro mundial’ para convencer suas vítimas.

    Os investigadores destacam que o golpe pode ser considerado ‘um dos maiores já investigados no Brasil’, tendo atingido mais de 50 mil vítimas de ‘diversas camadas sociais e localizadas em quase todas as unidades da federação’.

    A investigação, iniciada há cerca de um ano, aponta que o grupo de supostos estelionatários é composto por ‘cerca de duzentos integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intitulados pastores, que induzem e mantêm em erro as vítimas, normalmente fiéis que frequentam suas igrejas, para acreditar no discurso de que são pessoas escolhidas por Deus para receber a ‘benção’, no caso, quantias milionárias que nunca existiram.

    A Polícia Civil do DF informou que apurou uma movimentação de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos, além da existência de cerca de quarenta empresas ‘fantasmas’ e de fachada, usadas nos golpes O rastreamento indica um emaranhado de mais de 800 contas bancárias que teriam sido usadas pelo grupo.

    Entenda o golpe

    Segundo os investigadores, a organização mantinha uma ‘conversa enganosa’ com suas vítimas – geralmente fiéis de igrejas evangélicas – e buscava convencê-las a investir suas economias em ‘falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, com promessa de retorno financeiro imediato e rentabilidade estratosférica’.

    A Polícia relata casos em que pastores sugeriam um singelo depósito de R$ 25 à vítima que ‘receberia’ de volta a cifra inusitada de ‘um octilhão de reais’.

    Em outros casos, pastores induziam fiéis a investirem R$ 2 mil em troca de retorno de ‘350 bilhões de centilhões de euros’.

    Para dar veracidade às transações, o grupo ainda registrava contratos falsos com suas vítimas, ‘com promessas de liberação de quantias surreais’ – provenientes de inexistentes títulos de investimento, que estariam custodiados no Banco Central e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

    A argumentação para dobrar os fiéis ainda envolvia, segundo a Polícia, o ‘abuso da fé alheia e da crença religiosa’, além do uso de uma teoria conspiratória chamada ‘Nesara Gesara’, siglas que significam ‘National Economic Security and Reformation Act’ e ‘Global Economic Security and Reformation Act’ – ou, em português, ‘Ato para a Reforma e Segurança Econômica Nacional/Global’.

    A Agência Estado apurou que essa teoria aparece em vídeos, postagens e sites da internet e prega que os Estados Unidos teriam aprovado no ano 2000 uma suposta lei que ‘faz parte do planejamento divino’ e tem como objetivo ‘promover a libertação da humanidade’, eliminando dívidas e remodelando os sistemas econômicos mundiais.

    Versões da teoria da conspiração envolvem o atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center em 2001 e prometem destituição de presidentes, implantação de ‘uma nova moeda lastreada em ouro’, extinção do imposto de renda, fim da cobrança de juros e, finalmente, um ‘evento’ em que as ‘forças da luz’ assumiriam o controle do planeta para contato com alienígenas que estariam envolvidos na gestão financeira do planeta.

    Com informações SCC10