Acusado de matar homem após discussão em grupo de WhatsApp é condenado a 20 anos de prisão em Caçador
6 de dezembro de 2023“O conselho que eu dou para as pessoas de bem é que não discutam nesses grupos, pois infelizmente do outro lado pode ter um assassino”, desabafou uma das filhas da vítima. Réu foi condenado por homicídio com duas qualificadoras e por receptação e porte ilegal de arma de fogo. Uma discussão no WhatsApp acabou desencadeando um assassinato que abalou o município de Caçador. No dia 31 de janeiro deste ano, Júlio César de Carvalho de Oliveira matou um homem a tiros na frente da família após ser chamado de “otário” em um grupo denominado “brechozão vende tudo”. Agora ele foi julgado e condenado pelo Tribunal do Júri, a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A pena foi fixada em 20 anos e 10 meses de reclusão em regime inicial fechado por homicídio com duas qualificadoras (motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), bem como por receptação e porte ilegal de arma de fogo, afinal a pistola utilizada no crime foi furtada e estava em desacordo com a legislação. O recém-empossado Promotor de Justiça Wallace França de Melo conduziu a acusação com a Promotora de Justiça Andréia Tonin. Eles apresentaram as provas dos autos aos jurados, desmantelando as teses da defesa e enfatizando que a população aguardava pela condenação. “Foi o meu primeiro tribunal do júri, e a decisão dos jurados mostra que esta comunidade não tolera esse tipo de crime. A condenação não traz a vítima de volta, mas alivia um pouco a dor dos familiares”, disse Wallace. “A nossa sociedade é reflexo do valor que damos à vida. Absolver o réu seria o mesmo que dizer aos nossos jovens que uma ofensa dá carta branca para matar sem que haja punição”, finalizou Andréia. A vítima, Gilmar Antonio Soares, tinha 51 anos e deixou a esposa, três filhos e uma neta. A família acompanhou o julgamento do início ao fim e ouviu a sentença aos prantos. “Foi muita crueldade. Ele destruiu as nossas vidas. Estamos todos fazendo tratamento psicológico. Minha neta vive assustada. Uma pessoa capaz de matar por um motivo tão fútil não pode conviver em sociedade”, desabafou a esposa, Ivete. “O conselho que eu dou para as pessoas de bem é que não discutam nesses grupos, pois infelizmente do outro lado pode ter um assassino”, disse a filha mais velha, Maira.
Relembre o caso
A discussão começou quando o réu fez uma postagem ofensiva a um terceiro. Gilmar reprovou a atitude, chamou Júlio César de “otário” e saiu do grupo do WhatsApp, mas acabou sendo morto a tiros na frente de casa, no loteamento Lara. Uma câmera de segurança registrou o momento em que o réu estacionou o carro, chamou a vítima e atirou cinco vezes contra ela, atingindo principalmente as costas. Gilmar morreu nos braços da esposa e Júlio César fugiu da cidade. Ele permaneceu foragido durante mais de 24 horas, até ser localizado em Santa Cecília, a cerca de 70 quilômetros do local do crime, mediante um trabalho de inteligência que envolveu vários órgãos. O réu ficou preso preventivamente durante toda a instrução processual e não poderá recorrer em liberdade.