Filho de Jorginho desiste de cargo no governo de SC
10 de janeiro de 2024‘O defeito é biológico, é ser filho’, acrescentou Filipe Mello na mensagem em que anunciou a desistência para o cargo de secretário estadual no governo de seu pai
O advogado Filipe Mello, filho do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), anunciou que desistiu de assumir o cargo de secretário de Estado da Casa Civil. Ele havia sido indicado pelo pai para função em 3 de janeiro, mas foi alvo de decisões judiciais por nepotismo. Filipe contou sobre sua decisão em uma rede social ontem terça-feira (9), horas depois de ser autorizado a tomar posse pelo Tribunal de Justiça de SC. “Nesta tarde conversando com o Governador @jorginhomello, mesmo sendo absolutamente legal, concluímos que devo continuar auxiliando o Governador da maneira que faço hoje. Sem cargo no Governo”, escreveu Filipe no Instagram, na legenda de um vídeo em que aparece em fotos com seu pai. O filho do governador acrescentou: “Quem nos conhece sabe da relação que temos e sabe que não preciso de emprego. Minha vida está solidificada na advocacia, profissão pela qual sou apaixonado e exerço na sua plenitude. Transparência e confiança sempre nos pautaram.” Filipe citou que “o Governo de SC está fazendo uma verdadeira revolução” e disse entender “que poderia contribuir mais e melhor, mas o que não precisamos é de polêmicas infrutíferas”. Por isso continuarei ajudando, como sempre fiz, a pessoa do Governador, meu Pai”, completou. “Agradeço a todos que nos apoiam e acreditam em uma SC livre das ideologias de esquerda. Estou feliz por ver que, mesmo aqueles que criticam, reconhecem que minha capacidade técnica e meu currículo me qualificam para a função. O defeito é biológico, é ‘ser filho'”, disse ainda na publicação.
Entenda o entrave
Jorginho anunciou a nomeação de seu filho para o cargo de secretário estadual da Casa Civil por meio de uma nota oficial em 3 de janeiro. No dia 5, o desembargador João Marcos Bush atendeu a um pedido do PSOL e proibiu a entrada de Filipe no cargo. Bush citou uma lei que proíbe a nomeação de cônjuge, companheiro(a) ou parente, para cargos em comissão, confiança ou de função gratificada na administração pública de Santa Catarina. “Não pode o novo governador, eleito democraticamente, olvidar a regulamentação do antecessor e agir de forma diversa, uma vez que o Decreto referido tem validade e eficácia”, escreveu. “Não pode o chefe de Poder tratar a máquina pública como coisa privada e transformá-la em entidade familiar, compondo a equipe de governo com membros da sua família”, completou o desembargador na decisão. Bush também questionou a qualificação do filho do governador para o cargo. “Cumpre questionar, entre os mais de 5 milhões de eleitores de Santa Catarina, existiria alguém mais qualificado que o filho do Governador?”, indagou. Já na terça, a Justiça do Estado derrubou a liminar que impedia Jorginho de nomear seu filho Filipe Mello para o primeiro escalão do governo estadual. A decisão, que na prática autorizou a nomeação, foi assinada na segunda-feira (8) pelo desembargador Gilberto Gomes de Oliveira. O recurso para a derrubada da decisão provisória foi da Procuradoria Geral de Santa Catarina (PGE-SC). Filipe Mello é advogado por formação e já assumiu outros cargos no governo catarinense. Ele foi secretário na administração estadual entre 2011 e 2016, durante a gestão de Raimundo Colombo (PSD), quando controlou as pastas de Planejamento, Assuntos Internacionais e Turismo, Cultura e Esporte. Também foi secretário na prefeitura de Florianópolis, de 2005 a 2006 e de 2017 a 2018.
Com informações O Tempo