Fim da “saidinha” impedirá que cerca de mil detentos de SC saiam às ruas

Fim da “saidinha” impedirá que cerca de mil detentos de SC saiam às ruas

22 de fevereiro de 2024 Off Por Editor



  • A interrupção do benefício foi aprovada pelo Senado Federal

    Prevista na Lei de Execução Penal, a saída temporária, conhecida popularmente como “saidinha” é um benefício concedido exclusivamente para os internos do regime semiaberto, com bom comportamento, que já tenham cumprido pelo menos 1/6 da pena, no caso de réus primários, e 1/4 para reincidentes, entre outros requisitos analisados pelos juízes da Execução Penal. Contudo, a interrupção definitiva da concessão do benefício está em discussão no Congresso Nacional, tendo sido aprovada pelo Senado Federal na noite da última terça-feira (20). O Projeto de Lei (PL) 2.253/2022 sobre o fim da saída temporária de presos foi de autoria da Câmara dos Deputados, e visa revogar o artigo 122 da Lei de Execução Penal (Lei 7.210, de 1984). Pela legislação em vigor, o benefício autoriza que detentos saiam até cinco vezes ao ano, sem vigilância direta, para visitar a família, estudar fora da cadeia ou participar de atividades que contribuam para a ressocialização. O benefício pode ser solicitado em qualquer período do ano, mas a maioria dos pedidos se concentram em feriados, como dias das Mães, dos Pais e Natal. Desde a aprovação do pacote anticrime em 2019, o benefício é vedado a pessoas condenadas por crimes hediondos que resultaram em morte. Com o novo projeto, a lei permitirá apenas saídas de presos que estudam, proibindo a saída para visitas a familiares. O texto, aprovado no Senado com 62 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção, voltará para a análise da Câmara dos Deputados e depois, se aprovado pelos deputados, seguirá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entretanto, a tramitação do projeto vem levantando discussões quanto a constitucionalidade e dividindo opiniões entre aqueles que concordam e aqueles que discordam da suspensão do direito. Senadores e representantes públicos acreditam que o benefício da saída temporária, como está garantido na lei, coloca toda a sociedade em risco e precisa ser interrompido. “O projeto acaba com as saídas temporárias em feriados, o que é diferente da autorização para o preso estudar ou trabalhar fora do presídio quando em regime semiaberto ou em regime aberto. (…) Por ter total pertinência, obviamente, nós resgatamos esse instituto, que, de fato, contribui para a ressocialização dos presos, que é a possibilidade de estudarem, de fazerem um curso profissionalizante”, explicou o relator, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

    Como votaram os senadores catarinenses

    Dos três senadores catarinenses, dois estavam presentes na votação, Esperidião Amin (PP) e Ivete da Silveira (MDB), e votaram a favor do Projeto de Lei.

    Esperidião Amin
    Esperidião Amin. Foto: Pedro França/Agência Senado

    “Toda aquela controvérsia, porque esse projeto sofreu muita controvérsia, foi dirimida pelo avanço do crime. A dor ensina a gemer e as pessoas que têm alguma energia, ela anima a reagir. Esta é uma reação democrática, legal. Eu me sinto em condições de dizer aos que me cobraram que a saída temporária sai de circulação porque exorbitou”, disse Amin durante a votação no Senado.

    Ivete da Silveira
    Ivete da Silveira. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    “Votei a favor desse projeto, e dessa forma reafirmo o meu compromisso com o bem-estar e a segurança do povo catarinense. É importante destacar que o aumento da criminalidade durante esses períodos justifica uma lei mais severa. Esperamos que os deputados façam sua parte e também aprovem o projeto”, destacou também a senadora Ivete.

    Jorge Seif Junior
    Jorge Seif. Foto: Alan Santos, Presidência da República

    O senador Jorge Seif (PL) está em viagem a Dubai e se ausentou do plenário. “Precisamos celebrar nossas vitórias. A saidinha é vergonhosa para nossa população, para a justiça, para as vítimas e para as forças policiais. É um grande primeiro passo para corrigirmos tantos problemas para a liberdade que a legislação dá para criminosos”, disse Seif.

    Secretaria de Segurança Pública de SC se posiciona sobre a suspensão da “saidinha”

    Para o Secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Carlos Henrique de Lima, o Sargento Lima, o benefício não atende ao interesse público.

    Sargento Lima.
    Sargento Lima. Foto: Bruno Collaço/Agência AL

    “Nós somos vítimas em potencial. A qualquer momento podemos ser vítimas de uma minoria que foi beneficiada por uma lei impensada e incorreta. A saidinha não atende ao interesse público e a suspensão do direito é algo que agora é indiscutivelmente necessário”, pontua Sargento Lima. Ele afirma ainda que uma grande parcela dos brasileiros não pode ficar “refém de uma minoria, que está colocando a vida de pessoas trabalhadoras em risco”.

    Com informações SCC10