‘A mulherada está louca atrás dos homens’, diz desembargador durante sessão de audiência

‘A mulherada está louca atrás dos homens’, diz desembargador durante sessão de audiência

5 de julho de 2024 Off Por Editor



  • Espíndola não concordou em condenar o acusado, além de afirmar que não se passava de ego de adolescente

    Luís César de Paula Espíndola, desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), afirmou durante sessão de audiência da Corte que julgava o caso de uma menina de 12 anos que se sentiu assediada por um professor, na última quarta-feira (3), que “as mulheres estão loucas atrás de homens”. Em nota, ele disse que não tinha intenção de menosprezar o comportamento feminino. A adolescente relatou ter medo de frequentar a disciplina, pois em uma ocasião, o professor teria mandado uma mensagem para ela durante o horário da aula com elogios, além de piscadas e olhadas maliciosas. Espíndola não concordou em condenar o acusado, além de afirmar que não se passava de ego de adolescente. Confrontado por uma desembargadora presente no julgamento, ele rebateu dizendo que os argumentos apresentados por ela eram alegações do “discurso feminista”. “Se vossa excelência sair na rua hoje em dia, quem está assediando, quem está correndo atrás de homens, são as mulheres, porque não tem homem. Esse mercado está bem diferente. Hoje em dia, essa é a realidade, as mulheres estão loucas atrás de homens, porque são muitos poucos. É só sair a noite, eu não saio muito à noite, mas eu tenho funcionárias, tenho contato com o mundo. A mulherada está louca atrás dos homens”, fala Espíndola. O desembargador continua dizendo que não há homem suficiente e que as mulheres “estão loucas para levar um elogio, levar uma piscada, uma cantada educada, porque elas é que estão cantando, elas que estão assediando”.

    Ele continua disparando que, devido à falta de opções masculinas, as mulheres têm recorrido aos animais, citando especificamente os cachorros e que a paquera é algo sadio, normal e que sempre existiu. “A atração é coisa dos sexos, agora dizer que é uma afronta à sexualidade, um desrespeito… nunca foi […] Ninguém está correndo atrás de mulher, porque está sobrando. É só andar por aí, no dia a dia”, pontua

    Em nota, Espíndola diz que “não teve a intenção de menosprezar o comportamento feminino”, argumentando que sempre defendeu a igualdade entre os homens e as mulheres na vida pessoal e em suas decisões.

    “Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão”, pontuou. O Tribunal de Justiça do Paraná e a Ordem dos Advogados do Brasil do Estado também se pronunciaram. Em nota, o TJPR revelou que “não endossa os comentários feitos pelo desembargador” e que uma investigação preliminar foi aberta. A Corte aponta que o Espíndola terá prazo de 5 dias para se manifestar. “O Tribunal reitera que não compartilha de qualquer opinião que possa ser discriminatória ou depreciativa, como, aliás, é próprio de sua tradição e história de mais de 132 anos”, finaliza.

    A OAB-PR manifestou que as falas causam repugnância pelo aspecto jurídico e por violar a dignidade e a honra de todas as mulheres

    “Além do nosso repúdio pelo conteúdo misógino, em alguns aspectos dessa fala homofóbicos porque aborda o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, espera-se também que sejam adotas medias disciplinares e éticas e face desse magistrado”, conclui.

    Com informações SCC10