Acabou o encanto? Chape perde o equilíbrio e sofre com choque de realidade

Acabou o encanto? Chape perde o equilíbrio e sofre com choque de realidade

26 de junho de 2017 Off Por Chapecó



  • Em seis partidas, equipe vai de melhor para segunda pior defesa do Brasileirão, cai para 13º na tabela e vira presa fácil com ataque refém de cruzamentos e que peca muito na pontaria.

    Toda frustração é proporcional à expectativa, e a Chapecoense ofereceu muito no início do Brasileirão. Líder por duas rodadas, o Verdão flertou com uma trajetória tranquila na Série A e agora vê o sinal de alerta apitar em muitos decibéis na Arena Condá. Com cinco derrotas nos últimos seis jogos, desceu para o 13º na tabela e tem queda vertiginosa de rendimento. As vaias com cobranças ríspidas após a derrota para os reservas do Atlético-MG, em casa, dão tom de preocupação do torcedor com um time que perdeu o equilíbrio, a pontaria e abusa de bolas aéreas que não têm surtido efeito. Acabou o encanto? O GloboEsporte.com tenta decifrar o mau momento da Chape:

    Fragilidade defensiva
    A queda abrupta de rendimento da Chapecoense está diretamente ligada ao desempenho do setor defensivo. A equipe líder na quinta rodada dividia com o Corinthians o posto de menos vazada, com apenas um gol, e agora só sofreu menos gols que o Vasco: 20 a 19. São incríveis 18 bolas nas próprias redes em seis jogos, média de três por partida, que expõem a fragilidade. Mancini trocou peças em busca da solução, Grolli e Fabrício Bruno tiveram chances nas vagas de Victor Ramos e Luiz Otávio, mas o problema vai além. Confiante após o bom início, o Verdão passou a se expor muito no campo ofensivo e tem sofrido com contragolpes, seja na Arena Condá ou até mesmo fora, como no 5 a 1 para o Flamengo. Há espaços evidentes em seu campo defensivo.

    Bolas aéreas em excesso
    É inegável que as bolas alçadas na área representam o ponto forte da Chapecoense, dez dos 14 gols marcados no Brasileirão tiveram relação direta com cruzamentos. O time, porém, tem abusado e se tornado refém deste tipo de jogada. Principalmente quando se vê em dificuldade, é bola para Rossi, Apodi e Reinaldo e seja o que Deus quiser. E os números mostram que é preciso buscar alternativas. Nas últimas três derrotas, foram 115 jogadas aéreas e somente um gol – de Victor Ramos, diante do Flamengo, após lateral cobrado por Reinaldo, em jogada também bem rotineira da Chape. As estatísticas apontam ainda falta de precisão: foram 24 cruzamentos certos e 91 errados, o que facilita muito o trabalho das defesas adversárias.

    Má pontaria
    A falta de pontaria é outro fator de destaque na baixa da Chapecoense no Brasileirão. Por mais que ainda tenha o quinto ataque da competição, com 14 gols marcados, a equipe tem apresentado um percentual baixíssimo de aproveitamento, principalmente se levadas em conta as chances criadas. Com maior posse de bola que os rivais nas últimas três derrotas, a Chape se manda para o ataque, joga a bola para area, mas dá pouco trabalho para os goleiros adversários. Em 45 finalizações neste período, apenas nove tiveram a direção do gol e uma foi parar no fundo das redes. Na derrota para o Galo, foram 13 tentativas e apenas uma no alvo. Muito pouco! Em coletiva, Mancini reforçou que Rossi, Wellington Paulista e Arthur formam seu ataque ideal, mas não estão bem tecnicamente.

    Faltam peças de reposição
    Em oito da 10 primeiras rodadas, Vagner Mancini repetiu a escalação titular quase que em sua totalidade. Só fez alterações por fatores que não dependiam de sua vontade. E esse time-base foi apontado como determinante para o bom início. As lesões em sequência, porém, minaram a capacidade de variação do treinador, que precisou apostar em peças antes pouco utilizadas e já admite publicamente a necessidade de reforços. Nomes como Perotti, Lucas Mineiro e Lourency sequer vinham sendo relacionados e ganharam oportunidades, o que expõe as carências diante de lesões. Para partida com o Defensa y Justicia, pela Sul-Americana, por exemplo, a Chape viaja para Argentina e deixa Moisés Ribeiro, Nadson, Osman, Victor Ramos e João Pedro no departamento médico, sem contar Amaral, que já está fora há três meses. Contratar é preciso.

    Derrotas em casa
    As cinco derrotas nos últimos seis jogos assustariam menos se a Chape ao menos mostrasse sua força habitual na Arena Condá. O mando de campo sempre foi uma característica determinante nas campanhas de sucesso nos três primeiros anos na Série A, mas em 2017 tem sido diferente. Grêmio, Botafogo e Atlético-MG (com reservas) foram a Chapecó e voltaram com três pontos, o que reforça o sinal de alerta. O perfil de marcação forte e saídas em contra-ataques deu lugar a uma Chape que propõe o jogo em seu estádio. Até aí, poderia ser considerada uma evolução para quem se consolidou na elite do futebol nacional, mas os espaços no campo defensivo mostram que esta ousadia carece de ajustes.

    Fonte: UOL